ILÍDIO MARTINS página pessoal |
|
DESABAFOS | TRABALHOS | BLOGUE | Identificação | Contacto | |
PORTO CASEIRO Não sei se já contei o episódio em que estive à beira de ficar sem nove garrafas de Porto caseiro. Sim, nove garrafas de Porto caseiro. A coisa passou-se no último Verão, no embarque de Lisboa para Newark, ao que julgo por causa de uma garrafa que me ofereceram à última hora que resolvi arrolhar de qualquer maneira. O funcionário da segurança começou por implicar com a rolha, a seguir com a falta de rótulo nas garrafas. Quem lhe garantia a ele que aquilo era vinho do Porto? Pedia desculpa, muita desculpa, mas as garrafas não podiam embarcar. Comecei logo a transpirar, a deitar contas à vida — mas não me dei por vencido. Argumentei que não sabia; que sempre tinha viajado com garrafas e nunca me chatearam; que entendia que eram ordens que cumpria; que da próxima vez não voltava a acontecer. O funcionário deu mostras de ceder, mas foi-me avisando que o polícia do controle seguinte não ia em conversas. Agarrei-me ao argumento como um náufrago a uma bóia, e daí a pouco já o benemérito expunha o caso ao polícia, demonstrando que, por ele, não havia problema. O polícia mirou e remirou as garrafas, olhou para mim e para o meu anjo-da-guarda — e sugeriu-me que as metesse numa mala da próxima vez, pois numa mala ninguém queria saber. Um mês e tal após o episódio, registo o incidente enquanto contemplo as quatro garrafas que me restam. Contas por alto, mais um mesito e acabou-se. É a vida. A vida dos que não se podem dar ao luxo de beber uma pipa por ano, como o ex-proprietário de uma famosa marca de Porto que morreu de velho e não me consta que tenha passado por semelhantes apertos.
© Direitos Reservados. |
Até Já
• 13-01-2011 |