ILÍDIO MARTINS página pessoal |
|
DESABAFOS | TRABALHOS | BLOGUE | Identificação | Contacto | |
AS VÍTIMAS Numa altura em que se começou a insinuar que a estratégia militar anglo-americana para o Iraque não estava a alcançar os resultados previstos — pelo menos os resultados que a comunicação social avançou com base em não se sabe o quê —, algumas cabecinhas não esconderam a satisfação que lhes deu saber que, afinal, há resistência do lado iraquiano, e que os soldados americanos não foram recebidos com flores mas com balas. Esta gente está tão obcecada com aquilo que julga ser a verdade (estou a falar dos bem-intencionados, é claro) que até se esqueceu que, caso a guerra fosse rápida e a tropa encontrasse pouca ou nenhuma resistência, haveria menos vítimas. Miguel Sousa Tavares, por exemplo, não teve qualquer problema em dizer que o seu coração balança entre o desejo de “um desastre que puna merecidamente esta aventura [do Iraque] e fique como lição para o futuro” e “o milagre de uma guerra rápida e relativamente indolor”. Está visto que, para esta gente, as vítimas da guerra (do lado iraquiano, é claro) servem, apenas, como arma de arremesso contra os americanos. Assim sendo, quanto mais vítimas houver, melhor. Não vítimas civis iraquianas feitas pelo próprio regime, que destas não querem eles saber. O que “preocupa” esta gente são as vítimas dos alegados mísseis americanos que terão caído no sítio errado, mesmo sabendo-se que há um enorme cuidado em não atingir alvos civis e que, do outro lado, se violam todas a regras. No afã de serem contra os americanos a qualquer preço (é curioso notar como nunca falam nos ingleses), esta gente não olha a meios. Até as vítimas inocentes, que choram pela frente mas aplaudem por trás, servem para esse fim. Com certeza que são respeitáveis os motivos com que alguns se opõem à guerra. Mas já não são respeitáveis a interpretação abusiva dos factos e a mais pura mentira. Muito menos a utilização de vítimas inocentes, que chega a ser obsceno.
© Direitos Reservados. |
Até Já
• 13-01-2011 |