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O SISTEMA A história do “Apito Dourado” e da corrupção no futebol — ou da suposta corrupção no futebol, para ser mais rigoroso — não espantou ninguém. Como não espantará ninguém caso a justiça decida prender mais uns quantos, conhecidos ou não, e a Judiciária até já avisou que a coisa não vai ficar por aqui. Mas já espanta que as autoridades tenham actuado com base em escutas telefónicas, que terão registado conversas comprometedoras entre os suspeitos efectuadas com o maior dos à-vontades. É que, tendo em conta o que se vem insinuando — sacos azuis, promiscuidade entre política e futebol, financiamento ilegal dos partidos, tráfico de influências, corrupção pura e simples —, não deixa de ser espantoso que esta gente não tivesse suspeitado de que pudesse estar sob escuta. Será que estavam convencidos de que ninguém lhes tocava? Provavelmente. Já bem mais clara é a conclusão de um estudo divulgado recentemente, ao dizer que a situação financeira dos principais clubes da bola é «preocupante». E preocupante porquê? Preocupante porque os clubes apresentam despesas largamente superiores às receitas, além de que a assistência aos jogos é cada vez menor. Quer dizer, preocupante é uma maneira de dizer, pois há anos que andamos a ouvir a cantiga sem que alguém se tenha preocupado ou os clubes tenham deixado de gastar o que não têm. E continuam a gastar o que não têm por uma razão simples: quando as coisas correrem para o torto, lá estarão os fanáticos do costume dispostos a desencantar mais umas massas. Depois, sempre se arranjará um expediente para que o poder (o governo, as autarquias) entre com mais uns cobres — ou com «facilidades» que rendam mais uns cobres, o que vai dar ao mesmo. Para o ano haverá mais estudos, igualmente «preocupantes», a que ninguém ligará. Afinal, esta estória de os clubes viverem acima das possibilidades já tem barbas, e já se percebeu que não morrerá de velha. A não ser que as autoridades resolvam prender todos os suspeitos de beneficiar com o «sistema», mas nisso eu não acredito. E não acredito por uma razão: isso paralisaria o país.
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Até Já
• 13-01-2011 |