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LER OU NÃO LER Sempre que caio na asneira de comentar um livro com alguém que não tem hábitos de leitura, lá vem a desculpa de sempre: gostaria muito, mas não tenho tempo para ler. Porque toda a gente pretensamente culta acha que é importante ler, não ler só mesmo com uma boa desculpa. E uma boa desculpa será a falta de tempo. Ora, acontece que não é. Porque quem não lê por falta de tempo tem tempo para outras coisas — tempo para telenovelas, tempo para «reality shows», tempo para saber quem dorme com quem. Resumindo: tempo para o que interessa. De modo que seria bom que esta gente não perdesse tempo com desculpas, ainda por cima desculpas tão mal-amanhadas, até porque ninguém precisa de pedir desculpa por não ler. Além de que desculpas do género só convencem quem, como eles, tem tempo para tudo menos para ler, e a ideia não é bem essa. Pior só quando se julgam cultos e tentam comportar-se como tal. Como não conseguem, acabam a exibir aquele ar de pseudo-eruditos. E não há nada pior que os pseudo-eruditos para me darem cabo dos nervos. Mil vezes prefiro quem está convencido de que ler é coisa de mulheres e faz mal à vista — o que até tem o seu quê de verdade. Mil vezes prefiro quem pensa que ler é coisa de gente esquisita ou mesmo anormal — o que nem é tão errado assim. É que estes têm o mérito de serem verdadeiros, enquanto os outros não são eles nem quem julgam ser. Muito menos por quem tentam passar. Como só enganam quem não pretendem enganar, os primeiros enganados são os próprios. Não digo que não tem a sua graça, mas já me cansei desta anedota.
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Até Já
• 13-01-2011 |