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O ABORTO Votaria a favor da despenalização do aborto caso pudesse votar no referendo de Fevereiro, mas com dúvidas. Tal como as tive há oito anos, em que votaria «sim» caso tivesse votado. Aliás, estou convencido de que qualquer cidadão tem dúvidas sobre o que está em causa, mesmo os mais acérrimos defensores do «sim» ou do «não», pois parece-me evidente que qualquer pessoa medianamente informada já percebeu que há argumentos a considerar de ambos os lados. Custa-me, por isso, entender o radicalismo de alguns, nomeadamente o radicalismo de quem se esperaria moderação e bom-senso. Será que a interrupção voluntária da gravidez é comparável ao terrorismo? Bento XVI acha que sim. E acha mais: a interrupção voluntária da gravidez constitui «um atentado contra a paz». Como se vê, o bispo de Roma escolheu a demagogia. Como já não sobejasse o que vai por aí, Bento XVI resolveu levar a questão para o grau zero da discussão. Dir-me-ão que o líder da Igreja Católica é um homem sério e um intelectual de respeito. Não duvido. Mas, como político (que também é), está longe de ser brilhante. Como, aliás, já o tinha demonstrado no discurso da Ratisbona, onde fez sangue escusadamente e sem proveito algum. E é pena que assim seja, pois Bento XVI podia aproveitar a ocasião para defender a sua ideia e enriquecer a discussão, e argumentos não lhe faltariam. Optando pela demagogia, o líder da Igreja Católica escolheu o caminho mais fácil. Pior: passou um atestado de estúpidos a todos quantos não pensam como ele, incluindo aos que estão com ele noutras batalhas mas acham a interrupção voluntária da gravidez o mal menor.
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Até Já
• 13-01-2011 |