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SARAMAGO Nada tenho contra José Saramago e até fiquei contente quando soube que ele tinha sido laureado com o Nobel. Nada tenho também contra o facto de Saramago ser comunista, doutrina que não me merece grande simpatia. O meu problema com o José é que eu nunca fui capaz de ir além de meia dúzia de páginas das suas obras, mas não estou seguro que a culpa seja dele. Mas não se conclua que eu parti para a leitura dos livros dele com quaisquer ideias pré-concebidas que me levassem a já estar de pé atrás. Julgo não sofrer desse mal e até sou capaz de reconhecer sem esforço uma virtude, uma única que seja, no mais medíocre dos homens. Vem o sermão a propósito de quê? Bom, vem a propósito de uma conferência de Saramago na Rutgers University (New Jersey, EUA), há duas semanas, e que, para mim, foi uma magnífica estopada. Intitulada "Três romances para o milénio", a conferência de Saramago centrou-se numa explicação minuciosa do "Ensaio Sobre a Cegueira", "Todos os Nomes" e "A Caverna", um tríptico que, segundo ele, constitui a sua visão do milénio. Após uma explicação abundante de pormenores, fiquei a saber, pela boca do próprio, que os livros citados são importantíssimos no combate àquilo que considera serem os grandes males do Mundo, o que, para mim, me soa pretensioso. Além disso, Saramago não se cansou de demonstrar que é um homem plenamente satisfeito com as suas obras, quando me parece que um verdadeiro criador costuma ser, por natureza, um insatisfeito. Fiquei também a saber que a modéstia não é uma das suas virtudes, apesar de se proteger com uma capa de pseudo humildade. Mas continuo a nada ter contra o homem. Só que deve ser por estas e por outras que eu, do Saramago, gosto mais do Alfredo.
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Até Já
• 13-01-2011 |