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CHOVER NO MOLHADO Miguel Sousa Tavares não se cansa de sacudir o rótulo de anti-americano. É um exercício que se compreende, embora tenha o seu quê de curioso. Para não variar, começa com a justificação do costume: não se pode confundir a política da administração Bush com a América. A seguir, lá vêm os argumentos também já conhecidos: «Bush é apenas um servidor dos profetas da extrema-direita americana, que acreditam que a América é o modelo universal e definitivo das virtudes políticas e morais a quem Deus cometeu o encargo de exportar a sua doutrina»; a América é «dirigida por um presidente notoriamente inculto e ignorante, incapaz de compreender ou de se interessar por qualquer coisa para além dos dogmas básicos de vida em que acredita qualquer camionista do "cowboy country"»; «saber que o Iraque não tem armas de destruição maciça e mentir deliberadamente sobre isso para justificar uma guerra de conquista não é apenas imoral, é perigoso». Enfim, nada que seja novo e que já não tenha dito e repetido, mas nem por isso a última crónica no “Público” merece passar sem reparo. Para começar, dizer-se de Bush-filho que é «um servidor dos profetas da extrema-direita americana» não passa de um gesto gratuito, e só faz aumentar a minha estima por George W. Bush — e eu nunca nutri especial simpatia por George W. Bush. Depois, essa estória de que Bush é «inculto» e «ignorante» faz-me sorrir. Além da arrogância intelectual que uma afirmação desta natureza não deixa de pressupor, é bom lembrar que também Reagan foi considerado «ignorante» e «senil», e nem por isso deixou de ser considerado um dos melhores presidentes americanos. Quanto às famosas armas de destruição maciça, também nada de novo: uma vez que o presidente americano sabia que não havia armas de destruição maciça, o argumento não passou de um mero expediente para «justificar uma guerra de conquista». E baseada em quê esta «evidência»? Invariavelmente nos argumentos do costume: suposições e coisa alguma. Miguel Sousa Tavares defende que seria interessante recuperar alguns textos anteriores à guerra e confrontá-los com a realidade dos factos. Ora, aqui está um ponto em que estamos de acordo. Sem dúvida alguma que seria interessante confrontar alguns textos anteriores à guerra — e não só anteriores à guerra — com a realidade dos factos. Que tal começar pelos textos de Miguel Sousa Tavares?
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• 13-01-2011 |