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MORALISTAS DA BOLA Não deve haver um único português que não acuse a televisão de prestar demasiada atenção ao que não lhe interessa — e, por consequência, pouca ao que lhe interessa. Naturalmente que a televisão do Estado é o alvo principal, porque a televisão do Estado tem obrigações que as outras não têm, e porque todos nos achamos no direito de protestar quando se trata de serviços que vivem à custa dos nossos impostos. Aliás, falar mal da televisão sempre foi, em Portugal, um desporto nacional, embora eu não esteja seguro de que o «fenómeno» seja, apenas, português. O Europeu de Futebol, e a previsível overdose de bola nas televisões, deu azo a protestos por parte de alguma opinião publicada, à esquerda e à direita, a meu ver tão exagerados quanto o exagero das televisões. Digo exagerados porque os argumentos invocados foram, por regra, demagógicos, e a demagogia raramente alcança o que pretende. Isto para não falar da sobranceria com que abordaram o futebol e quem gosta de futebol, que geralmente tomam por gente pouco instruída, e o povo, por regra ignorante, causa-lhes repugnância. Não fossem algumas figuras respeitáveis assumirem o prazer da bola, e estaríamos fritos. Digo «estaríamos» referindo-me aos que, como eu, acompanham o «fenómeno futebolístico» com moderação, e com mais distância que paixão. Mas devo acrescentar que respeito a generalidade dos «moralistas da bola», e por alguns tenho, até, admiração. Só que as críticas são exageradas, e exageros são isso mesmo — e não levam a lado nenhum. Antes pelo contrário. São bem capazes de resultar no contrário do que pretendem, embora no caso em apreço não haja razões para lamentar.
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Até Já
• 13-01-2011 |