ILÍDIO MARTINS página pessoal |
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MAMARRACHOS Alguém me contou que um reputado escultor protagonizou um episódio que jamais esquecerei. Aliás, estou convencido de que o ouvi pela boca do próprio, mas a verdade é que não tenho a certeza. O episódio metia o escultor, um cavalheiro que enriqueceu ninguém sabe como, e umas ideias feitas acerca da arte. Como a residência que se preparava para inaugurar tinha um espaço onde não sabia o que pôr, o cavalheiro endinheirado resolveu consultar o artista. Alguém lhe sugerira uma escultura, explicou ao artista, de modo que ali estava ele para saber se a podia fazer — e por quanto. O artista percebeu que o cavalheiro não distinguia um burro de um palácio, mas que tinha o que a ele não sobejava: dinheiro para o que fosse preciso, e quanto mais pedisse mais valor a obra teria. De maneira que resolveu pedir uma maquia mais que razoável, e negócio fechado. O sujeito resolveu dar uma festa para assinalar o acontecimento e mostrar a obra aos amigos. Afinal, tinha gasto uma fortuna naquilo, e o pior que lhe podia suceder seria que a coisa passasse despercebida. Calhou que entre os convidados houvesse quem não fosse inteiramente ignorante nas coisas da arte e já conhecesse o artista. Chegada a hora de mostrar o «mamarracho» (a designação é do artista), os convivas desataram a aplaudir com entusiasmo e não pouparam elogios ao escultor e a quem teve a ideia. Mesmo os dois ou três que, observado o «mamarracho» com mais atenção, perceberam que ali havia qualquer coisa que não batia certo, e que se riram a bom rir mal se apanharam dali para fora e souberam o resto da história.
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Até Já
• 13-01-2011 |