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BOM SENSO O recente episódio protagonizado pela Assembleia Legislativa da Madeira — o anúncio de que pretende impedir o uso de «vestuário pelintra» (t-shirts, calções, sandálias, etc.) aos repórteres em serviço naquela casa — presta-se a demagogia e a anedotas. Não fosse a guerra em curso — e, agora, os intestinos de Fidel —, ainda agora a questão seria assunto de comentadores, até porque no Verão escasseiam matérias que se prestem a comentários. Os jornalistas e o sindicato dos ditos ficaram indignados com a desfaçatez do parlamento madeirense, e nem seria de esperar outra coisa. Mas chegar ao ponto de se dizer que a imposição de um dress code visa «criar um clima de repressão e de limitação da liberdade individual ou ser usado como ferramenta de segregação e desigualdade social», como disse Vítor Malheiros, é um disparate total. O constitucionalista Jorge Miranda revelou que estamos perante «um problema de bom senso», não «um problema de Direito». Nada mais acertado. Claro que podemos questionar o que é isso do bom senso, mas tudo se pode questionar seguindo esse princípio. Claro, também, que não se pode ignorar que a medida veio da Madeira, onde as regras do jogo democrático não se recomendam. Mas seria bom não tomar a nuvem por Juno, não fazer uma tempestade com um chuvisco. Afinal, comparado com os problemas com que os jornalistas se defrontam (e que raramente têm coragem de abordar), o episódio da Madeira não passa de um fait divers que se resolve com menos gritaria e um pouco mais de bom senso. Até porque qualquer pessoa sem interesses na matéria facilmente detecta que há razões dos dois lados, e que nenhum deles a tem toda.
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Até Já
• 13-01-2011 |