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JORNALISMO E BLOGOSFERA Anda por aí um mal disfarçado ressentimento de alguns jornalistas contra a blogosfera em geral e contra alguns bloggers em particular. Parece que não se pode criticar os jornalistas, e a haver críticas só podem vir do meio — ou de alguém com provas dadas no meio. Enquanto qualquer outro sector de actividade pode ser criticado por qualquer cidadão, aos jornalistas não se lhes pode tocar — ou só podem ser criticados pelos seus pares. Tudo isto porque os jornalistas não estavam habituados a ver escrutinado o seu trabalho antes dos blogues, pois a generalidade das críticas que até aí existiam eram as que se publicavam na secção dos jornais destinada às cartas ao director, onde o editor responsável pela secção publica o que entende e rejeita o que entende — e o jornalista tem sempre a última palavra. Aliás, quantas cartas ao director acabaram no lixo por conterem críticas ao jornal ou aos jornalistas? Para o bem e para o mal, as coisas mudaram radicalmente com o aparecimento da blogosfera, e os jornalistas tardam em habituar-se à nova realidade. Afirmam alguns que a blogosfera pretende tornar-se uma espécie de provedor dos media em geral e dos jornalistas em particular, pelo menos uma parte da blogosfera. Não sei se a realidade é o que parece, mas admitamos que é verdade, que existe uma parte da blogosfera que tem essa pretensão. Ora, onde está o mal? Qual é o problema de alguns bloggers fazerem marcação cerrada aos media e aos jornalistas? Não podem? Não será bom para o jornalismo haver quem questione o que se faz e como se faz? Onde estão as contra-indicações de tal prática? Mas há pior, muito pior. Há jornalistas que não se conformam com o facto de outros jornalistas escreverem em blogues, que alguém publique artigos de opinião com impacto fora dos media tradicionais, que os blogues possam ser um instrumento destinado a conquistar um lugar nos jornais, como se isso fosse um pecado. E sabem por que razões tudo isto sucede? Por razões tão simples como miúdas: porque temem que lhes tirem o lugar ou a importância, porque receiam que lhes exponham as lacunas ou a mediocridade, por dor de corno. Há outras razões menos comezinhas? Façam o favor de me dizer quais.
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Até Já
• 13-01-2011 |