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LAGARTIXAS E JACARÉS Sempre que resolvo chamar a atenção para um trabalho excepcional — uma peça jornalística, um quadro, um filme — a conversa resvala de imediato para o autor. «Então tu não sabes que o gajo é judeu? Não sabes que o fulano tem uma equipa enorme atrás dele, que lhe faz a papinha toda? Não sabes que a mulher dele dorme com o manda-chuva lá do escritório?» Não sabia. Não sabia nem isso é relevante para o que eu quero dizer, tento argumentar, mas ninguém quer saber. Bem pelo contrário: não me achando convencido, atacam com novos «factos», se preciso for inventados na hora, e o «monstro» cresce de tal forma que o autor havia de pedir desculpa por ter feito o que fez caso soubesse destas conversas. Se o que pretendo elogiar se situa na área em que os meus interlocutores se movem — profissionalmente, academicamente, artisticamente — o caso ainda é pior, pois da insinuação passam à calúnia pura e dura. Quer isto dizer que me resta meter a viola no saco, pois é tal a fartura de «argumentos» contra o autor que o trabalho para o qual procuro chamar a atenção acaba por ser um pormenor sem importância — e de que ninguém quer saber. Infelizmente não é de uma excepção que se trata, pois há sempre alguém disposto a deitar abaixo quem faz coisas de que não é capaz. Bem sei que nada disto constitui novidade, mas convém estar vigilante. É que gente desta é capaz de tudo, e não faz cerimónia sempre que se trate de liquidar o parceiro. Pena é que não tenham a mesma habilidade para fazer tão bem ou melhor o que procuram desvalorizar. Mas há um ditado que diz: quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré.
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Até Já
• 13-01-2011 |