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POETAS O ministro Manuel Maria Carrilho e um grupo de caras conhecidas, entre as quais Pedro Abrunhosa, Maria do Céu Guerra, Luís de Matos, Margarida Pinto Correia e Bárbara Guimarães, decidiram comemorar o Dia Mundial da Poesia, na última terça-feira, distribuindo uns panfletos com poemas de autores portugueses. Se não me engano, a iniciativa denominou-se "trazer a poesia à rua" e o local escolhido foi a baixa lisboeta. Inquirida sobre a ideia, a actriz Maria do Céu Guerra disse que "a poesia não chega à rua e circula ainda num meio muito elitista". Pedro Abrunhosa disse que a iniciativa é uma "forma de homenagear o cidadão ao devolver a poesia às pessoas, porque a poesia pertence às pessoas". Eu confesso que o gesto e as declarações me comoveram até às lágrimas. Sem dúvida que é necessário que a poesia chegue à rua e, sobretudo, que seja devolvida às pessoas. Amante confesso de poesia e de vinho tinto (não estou seguro se por esta ordem), eu só posso aplaudir esta brilhante ideia. Porque, a partir de agora, nada será como dantes. Eu até já alimento a esperança de um dia ouvir a minha peixeira recitar uns versos de Pessoa enquanto me avia umas fanecas. Também não me surpreenderá se, um dia destes, o meu sapateiro me vier com dois poemas do O'Neil em vez das inevitáveis anedotas ordinárias. Nada me espantará. Nem se o meu vizinho do lado, que só diz alguma coisa de jeito quando não está avinhado (o que é raro), me entrar pela porta adentro a recitar Florbela ou até Luiz Vaz. A todos eles, em nome da poesia, a minha homenagem numa quadra: "Enquanto avio umas fanecas/ e o José põe meias solas,/ o meu vizinho bebe umas canecas/ e o Manel diz umas graçolas."
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Até Já
• 13-01-2011 |