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EQUÍVOCOS Fátima Felgueiras decidiu dar uma conferência de imprensa e uma entrevista para explicar a versão dela dos factos. E qual é a versão dela dos factos? Para começar, acha que a querem “amordaçar e impedir” de se defender. Depois, não tem dúvidas de que é uma vítima do (mau) funcionamento da justiça, que pretende ver alterado. A seguir, que não fugiu à justiça, que o seu caso é “estritamente político” e se considera uma “exilada política”, a primeira após o 25 de Abril. Que só tomou conhecimento de que tinha sido decretada a sua prisão preventiva já no Brasil — para onde foi com “bilhete de ida e volta” —, e que quer regressar a Portugal o mais depressa possível — onde pretende cumprir o seu mandato como presidente da câmara. Tudo isto servido à hora dos telejornais, e nem sequer faltou a voz embargada e o drama familiar para compor o papel que cuidadosamente entendeu representar. E que era, se bem se lembram, o de vítima. Ora convém lembrar que Fátima Felgueiras é suspeita de ter cometido três dezenas de crimes, entre os quais os crimes de corrupção, de desvio de dinheiro e de participação ilícita em negócio. Com certeza que enquanto a Justiça não demonstrar que é culpada, a senhora é inocente. É o que diz a lei e manda o bom senso. Só que mandaria igualmente o bom senso que a senhora Felgueiras tivesse um pingo de vergonha e assumisse, ao menos, parte da culpa, em vez de a jogar integralmente para terceiros. Decidindo apresentar-se como vítima sem a mais leve culpa, a senhora Felgueiras acabou por dar um tiro que lhe saiu pela culatra. Pior só o comportamento da televisão pública, que lhe deu uma eternidade em directo sem que se perceba porquê. Se aquilo é serviço público ou tem relevância informativa, então eu não percebo nada de jornalismo. Com certeza que o “show” de uma foragida à justiça garante audiências, mas essa é a lógica das televisões privadas. De modo que seria bom que os responsáveis da televisão pública não tentem, agora, passar de culpados a vítimas, porque não comovem ninguém e só convencem quem nem sequer duvidou.
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Até Já
• 13-01-2011 |