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LEITURAS DE VERÃO O Verão e a falta de notícias costuma trazer para os jornais assuntos para os quais não há espaço o resto do ano, entre eles os chamados inquéritos de Verão, onde não faltam perguntas do género: «O que vai ler este Verão?» Pressupõe a pergunta que os portugueses aproveitam as férias para ler, actividade para a qual não terão tempo o resto do ano. Como é evidente, não é bem assim. Começo logo por mim, embora sem querer generalizar. As férias constituem o período do ano em que menos leio, e não me parece que eu seja excepção. Primeiro, porque nesse período tudo se conjuga para que eu não tenha tempo e disposição para leituras. Depois, porque as férias são uma espécie de regresso ao estado bruto, isto presumindo que alguma vez saí de lá. Há excepções, naturalmente, mas excepções são isso mesmo — e eu falo da regra. Quem lê nas férias lê o resto do ano, e quem não lê nas férias não lê o resto do ano. O resto não passa de conversa fiada destinada a impressionar os pategos nos tais inquéritos de Verão, e isto partindo do princípio que os pategos lêem os inquéritos de Verão. Aliás, uma vista de olhos pelos locais onde habitualmente se concentram os veraneantes chega e sobeja para constatar a evidência: tirando os tablóides e a imprensa cor-de-rosa, os portugueses não lêem. Quando muito levam para a praia uma «besta célere», mas à terceira página já estão pelos cabelos. Tão certo como dois e dois serem quatro, e não haver regra sem excepção.
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Até Já
• 13-01-2011 |