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HISTÓRIAS A história de Jessica Lynch tem várias versões. Mesmo sem ter acompanhado em pormenor, conheço, pelo menos, três: a que foi contada pela tropa americana no calor da refrega; a que foi contada pelo “Washington Post” após exaustiva investigação; e, agora, a que foi contada em livro pela própria. Qual delas é a verdadeira? Provavelmente um pouco de todas elas; provavelmente nenhuma em especial. O facto de Jessica Lynch resolver contar em livro a sua própria versão não é, por si só, garante de que a história seja verdadeira. Além de outros factores, é bom ter presente que um livro do género é um grande negócio (recorde-se que Jessica embolsou um milhão de dólares de adiantamento), e é mais que provável que a primeira ideia da donzela tenha sido fazer dinheiro. Se o expediente nada tem de condenável, é bom não esquecer este pormenor. Devo dizer que a versão posta a correr pela tropa americana não me convence, como não convence ninguém. Mas convém não andar para aí a dizer que a versão que Jessica decidiu contar é a verdadeira história, até porque há partes que diz não se lembrar. Procurar desfazer-se do rótulo de «heroína de guerra» em que a terão querido tornar, pode não ser um gesto tão desinteressado assim. Afinal, nada garante que tudo isso não passe de uma mera jogada de «marketing» destinada a torná-la em anti-heroína — ou numa heroína ao contrário, o que vai dar ao mesmo e também rende os seus proveitos. É uma mera possibilidade, mas quem quer fazer juízos de valor — e há inúmeros candidatos a fazer juízos de valor — tem que contar com essa possibilidade. Se a história contada pela tropa americana é condenável e não convence ninguém, a versão de Jessica também não esclarece a totalidade dos factos e levanta algumas dúvidas. De modo que seria recomendável um pouco mais de prudência e menos juízos apressados, porque julgar a mentira com meias-verdades é meio caminho para outra mentira.
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Até Já
• 13-01-2011 |