ILÍDIO MARTINS página pessoal |
|
DESABAFOS | TRABALHOS | BLOGUE | Identificação | Contacto | |
A TÉCNICA DA LINGUIÇA Isto de escrever uns rabiscos uma vez por semana tem muito que se lhe diga. Começa-se quase sempre sob o síndroma de falta de assunto e às vezes acaba-se com a sensação de se ter estado a encher linguiça, como diz um cronista brasileiro, que pratica a modalidade com um esmero que só visto. Só uns dias depois é que se descobrem umas coisas engraçadas e oportunas que se podiam ter dito, mas o texto já foi publicado e não há nada a fazer. E, é claro, a crónica está muito pior do que se imaginava. Razões de queixa? Nem por isso. Imaginem aqueles desgraçados que têm que fazer duas e três crónicas por semana. Quantos maços de cigarros fumarão eles por cada uma delas? E uísques? Baterão na mulher (ou no marido) quando estão sem assunto? E aquela crónica que estava prontinha a enviar para o jornal e desapareceu do ecrã? E aquele pensamento genial que se evaporou num ai? E aquele filho da mãe da concorrência, que resolveu lembrar-se do assunto primeiro que ele? E aquele sentimento de culpa por adiar tudo para a última hora? E depois de publicar? Será que ninguém reparou naquela vírgula mal colocada? E aquela gralha, que toda a gente vai pensar que é um erro ortográfico? E o bispo do Porto que, afinal, não era bispo e muito menos do Porto? Um horror! Razão tem o brasileiro para usar a técnica da linguiça quando o assunto lhe falta. É só escrever o que lhe vem à cabeça, evitar assuntos que o obriguem a investigar, esticar as frases até onde for possível esticar e deixar andar. Exactamente como eu estou a fazer hoje, que isto de tempo e assunto já teve melhores dias.
© Direitos Reservados. |
Até Já
• 13-01-2011 |