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AS REGRAS DO JOGO O dr. Ferro Rodrigues não se conforma com a «derrota pessoal» imposta pelo Presidente da República, apesar da «amizade» que os une. Ana Gomes está «profundamente arrependida» de ter apoiado Jorge Sampaio nas duas vezes que este se candidatou à Presidência da República, porque o PR teve «falta de coragem» para seguir outro rumo. Carlos Carvalhas prevê um cenário de «instabilidade social e colapso» a curto prazo, para o qual se presume que irá contribuir com tudo o que puder. Francisco Louçã também não surpreendeu: o PR «fracassou» e o governo não tem representatividade. Fora dos dirigentes partidários, Boaventura Sousa Santos disse que o dr. Sampaio fez um «discurso patético e incoerente», além de ter cometido uma «traição ao 25 de Abril». Tudo isto porque o Presidente Sampaio resolveu convidar o PSD a formar um novo governo após a saída de Durão Barroso, quando a esquerda já se preparava para eleições antecipadas. E já se preparava porquê? Muito simplesmente porque Sampaio é um homem de esquerda; porque qualquer outra decisão seria «ilegítima» e «anti-democrática»; e porque convidar os social-democratas a formar um novo governo contraria a vontade popular. Ora, acontece que só a premissa da cor política é verdadeira. Jorge Sampaio é, realmente, um homem de esquerda, mas a ideia de que o PR deveria ter decidido com base nesse pressuposto e não em função do interesse nacional é tão irresponsável que custa a crer que alguém a tenha defendido. Quanto ao resto, é evidente que não existe falta de legitimidade, que não viola as regras democráticas ou contraria o voto popular, como foi amplamente explicado com abundância de pormenores. Já o contrário — dissolução da Assembleia da República e convocação de eleições antecipadas — deixaria dúvidas quanto à legitimidade e quanto à vontade popular, além de ser necessária alguma boa-vontade para se poder considerar uma solução constitucionalmente fundamentada. É certo que ficou a ideia de que Santana Lopes (e o PSD) ganhou o jogo na secretaria, o que é verdade e não se recomenda. Mas o contrário seria subverter as regras do jogo, o que diz a Constituição, as regras da democracia. Como, aliás, chegou a haver quem defendesse, nomeadamente os que sempre aparecem a dizer que a democracia está em perigo quando os resultados não lhe convêm.
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• 13-01-2011 |