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ESMERALDA Tirando alguns dos directamente interessados, não se vislumbra uma única pessoa que defenda a decisão do Tribunal de Torres Novas de condenar a seis anos de cadeia um pai adoptivo que cometeu o crime de amar uma criança abandonada pelos pais biológicos e que acolheu como filha. Mais: não se vê uma única pessoa que compreenda a decisão da Justiça, incluindo alguns magistrados, que não hesitaram em demonstrar indignação e assinar um documento onde se pede a libertação do sargento Luís Gomes. Que terão visto no processo os juízes de Torres Novas que mais ninguém vê? Não, não pretendo dizer que a maioria tem sempre razão, e até vejo com simpatia quem decide enfrentar o mundo se achar que o mundo não tem razão. Só que, no caso da Esmeralda, não se vêem argumentos substantivos que levem um tribunal a decidir da forma que decidiu. Pelo contrário, a decisão contempla os desejos de quem não quis saber da criança quando ela mais precisou e que agora reclama uma indemnização, e não se vêem salvaguardados os interesses da criança. Por mais que não tenha sido essa a intenção, por mais inatacável do ponto de vista jurídico que seja a decisão, foi isso o que aconteceu: o Tribunal de Torres Novas não colocou os interesses da criança acima do resto. Assim sendo, quem não compreende a decisão de um pai adoptivo preferir a prisão em vez de acatar a decisão da Justiça? Aliás, que pai verdadeiro não faria o mesmo por uma filha? Eu sei que o caso se presta a emoções, e que as emoções só atrapalham. Mas como não ficar indignado com uma decisão que pune quem protegeu a criança e premeia quem não quis saber dela? Como ficar indiferente ao destino de uma criança que a Justiça arranca aos braços de quem ama e a lança nas mãos de um desconhecido?
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Até Já
• 13-01-2011 |