ILÍDIO MARTINS página pessoal |
|
DESABAFOS | TRABALHOS | BLOGUE | Identificação | Contacto | |
ÁRBITROS O presidente do Vitória de Guimarães resolveu disparar contra os árbitros. Porque os árbitros espoliaram o Vitória em quatro jogos seguidos, deixando por assinalar não sei quantos penalties e um golo limpo. E reclama uma intervenção do Governo, porque é preciso pôr cobro a esta vergonha. Se caso for, contratem-se árbitros espanhóis. O futebol português é assim: sempre que as coisas não correm bem — e o Vitória perdeu os cinco últimos jogos —, arranjam-se bodes expiatórios. E os bodes expiatórios são sempre os mesmos: os árbitros. Porque, como agora é moda dizer-se, os árbitros são o elo mais fraco, porque eles são quem menos ganha, porque as pressões dão resultado. É um cenário conhecido e que se repete todos os anos: hoje foi o Guimarães, ontem foi o Sporting, amanhã será o Benfica. Com certeza que nem todos os árbitros são competentes e sérios, embora toda a gente tende a julgá-los competentes e sérios se nos favorecem e o contrário se nos prejudicam. Além de que nos esquecemos com frequência de que os árbitros são obrigados a ajuizar em segundos situações complicadas que a clubite insiste em ver da maneira que lhe interessa, mesmo após as televisões terem demonstrado o contrário. Culpar sistematicamente os árbitros por aquilo que se passa de mau nos campos — quantas vezes um mero expediente destinado a desviar a atenção de problemas bem mais complicados —, não só é pouco sério como contribui para adensar o clima de suspeição generalizada de que o futebol português tarda em livrar-se. Além de que é bom não esquecer que esse clima tem pouco a ver com os árbitros, e quase tudo com os dirigentes de clubes e órgãos que mandam na bola. De modo que seria bom que estes senhores começassem por assumir as culpas que lhes cabem, e cabem-lhes mais culpas do que possa parecer. Até lá, o futebol português continuará a ser uma casa em que todos ralham e ninguém tem razão.
© Direitos Reservados. |
Até Já
• 13-01-2011 |