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LEITURAS Como quem lê com frequência está farto de saber, os prémios literários não atrasam, nem adiantam. Seguramente que não vai ser o Nobel atribuído ao escritor X ou o Booker à obra Z que os vai levar a ler um livro do escritor X ou a comprar a obra Z. Quando muito, têm curiosidade de saber quem foi premiado e com quê, e o interesse morre por aí. Não é assim para os que não têm hábitos de leitura, para quem os prémios literários funcionam como uma espécie de farol — ou, então, não chegam a ser notícia. Que livro comprar para oferecer quando se é confrontado com uma imensidão de títulos? Evidentemente que um livro do autor que ganhou o Nobel. Ou, então, o livro recomendado por determinado programa de televisão, o best-seller do dia, o livro de que toda a gente fala. Assim se vendem milhares de livros que de outro modo não se venderiam, e com um pouco de sorte pode ser que conquistem meia dúzia de leitores para a «causa» do livro. Assim se tornam mais visíveis todos os livros, os mais interessantes e os menos interessantes, até porque qualquer analfabeto não ignora que a leitura «é muito importante», embora olhem de lado quem leia com frequência e escutem com impaciência qualquer notícia ou comentário que fale de livros. Claro que não os lêem porque têm o tempo muito ocupado, nomeadamente ocupado a ver telenovelas e a saber quem dorme com quem. Mas isso é outra conversa. A conversa dos que sabem dois ou três lugares-comuns sobre o escritor X ou o livro Z e por isso se julgam capazes de fazer figura junto de quem realmente se interessa por livros, acabando a fazer figura de urso. A conversa que começou por me divertir mas que já não consigo escutar sem que a mostarda me chegue ao nariz.
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Até Já
• 13-01-2011 |