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GRANDE REPORTAGEM Miguel Sousa Tavares anunciou que vai abandonar a revista "Grande Reportagem". Não será caso para tanto, mas a notícia estragou-me o dia. Bem sei que o cemitério está cheio de indispensáveis, mas a sua saída não augura nada de bom. A decisão de abandonar a GR, disse ele, não se deve a problemas ou conflitos, mas eu duvido. Pegando no último número da revista, que se apresentou nas bancas após uma profunda remodelação gráfica, nota-se que houve também alterações de conteúdo, parece-me que agora mais aligeirado. Uma reportagem de meia dúzia de páginas sobre uma viagem de comboio pela Linha da Beira Baixa, que mais me pareceu uma redacção da quarta classe, é um exemplo da ligeireza de que falei. Relendo o editorial, MST diz que a GR "há-de continuar a não ser uma revista para a mediocridade triunfante, para a imbecibilidade, para a leviandade, para a ignorância grosseira ou para a boçalidade audiométrica". Eu volto a duvidar. Perguntarão alguns que importância é que isto tem. Eu respondo: para mim, muita. Sou um leitor compulsivo da GR, que considero uma referência no jornalismo português. Tenho receio, por exemplo, que acabem as denúncias aos atentados ao património por parte de um bando de patos bravos que por aí anda a presidir a municípios e que a GR tem denunciado como ninguém. Tenho receio que a GR se transforme numa revista mais virada para a forma do que para o conteúdo, de que o último número poderá ser já um indício. Tenho receio, por último, que isto seja o fim da GR que eu li com prazer durante anos, provavelmente devido à escassez dos tais leitores que não sejam medíocres ou imbecis. Espero, sinceramente, que eu esteja enganado. Mas duvido.
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Até Já
• 13-01-2011 |