ILÍDIO MARTINS página pessoal |
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O MEU CÃO A esmagadora maioria das pessoas fala muito, diz pouco e pensa menos. Ouvir o que os outros têm para dizer é tarefa reservada a uns poucos. O que as pessoas querem é falar, falar e falar. Seja ele do futebol, do vizinho de cima, do que for. O que mais me espanta é como esta gente tem sempre tanto para dizer, quando eu me esforço para arranjar assunto sempre que tenho que abrir a boca. Isto para já não falar das certezas que sempre têm sobre tudo e dos veredictos que estão sempre prontos a lavrar, invariavelmente com base em dois ou três factos e quase nenhuns argumentos. É extraordinário como se tem opinião sobre tudo e se sentencia como quem fuma um cigarro. Já Eça de Queirós lamentava o hábito dos juízos ligeiros: “Com excepção de alguns filósofos escravizados pelo método, e de alguns devotos roídos pelo escrúpulo, todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente, do penoso trabalho de verificar.” E depois acrescentava: “Principalmente para condenar, a nossa ligeireza é fulminante. Com que soberana facilidade declaramos «Este é uma besta! Aquele é um maroto!» Para proclamar «É um génio!» ou «É um santo!» oferecemos uma resistência mais considerada.” Infelizmente eu vivo rodeado de gente assim e não há nada a fazer. Deve ser por isso que eu cada vez gosto mais do meu cão.
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Até Já
• 13-01-2011 |