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UM MANGUITO Numa altura em que os especialistas se debruçam sobre as últimas autárquicas e se discute a sucessão de Guterres, vale a pena lembrar o retrato que Pedro Almeida Vieira fez do poder local na última "Grande Reportagem". Diz o jornalista que, salvo honrosas excepções, os nossos autarcas transformaram o País "num amálgama de problemas". E que, em vez de se envergonharem, ainda lhes deu alento para distribuir mais promessas do mesmo. A construção desenfreada, a falta de espaços verdes e de equipamentos culturais e de lazer, a insegurança nos centros urbanos, as deficiências no saneamento básico e a ausência de debate sobre as denominadas "estratégias de desenvolvimento local" constituem, segundo o jornalista, "o quadro fiel daquilo em que se tornou a gestão dos municípios". Um quadro onde impera a desresponsabilização e a fiscalização não existe. Onde a receita dos autarcas de sucesso passa por "dar muitos alvarás de construção", por "atribuir muitos subsídios" e por pressionar os governos a resolver os problemas que eles próprios criaram. Onde todos os males são da responsabilidade dos governos e o que há de bom foi feito pelos municípios. Onde as câmaras criam empresas a esmo com a única finalidade de escaparem à lei. Onde o "verdadeiro modelo de desenvolvimento" assenta nos arranha-céus, na grande construção e nas fontes luminosas. Enfim, um quadro dominado há anos por criaturas cuja maioria acaba de ser reeleita. Mas nada disto tem grande importância, como se viu no último domingo. Importante foi saber que os laranjas saíram melhor que a encomenda, que os cor de rosa apanharam uma abada, que o líder dos azuis sobreviveu ao dilúvio. Que grande parte dos autarcas continue impunemente a destruir o País em nome do "desenvolvimento", é assunto que não interessa. É por estas e por outras que me apetece fazer-lhes um manguito.
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Até Já
• 13-01-2011 |