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GÜNTER GRASS Nunca li qualquer obra de Günter Grass, nem tenciono ler. Em matéria de leituras, tenho outras prioridades — e escasso tempo para elas. Polémicas como a que envolve o escritor alemão — a revelação, pelo próprio, de que pertenceu às tropas de elite nazis — nunca me abriram o apetite, nem me afastaram da obra de ninguém. Há muito que aprendi a separar as obras dos seus criadores, por mais inseparável que seja uma coisa da outra. Se a obra é grande mas o escritor tem um passado que não se recomenda, não há razão para que a obra deixe de ser grande. Se o escritor é uma excelente pessoa mas a obra é medíocre, não há razão para que a obra melhore. Sigo este princípio praticamente desde sempre, e a experiência tem-me demonstrado que raramente me sucede gostar da obra e do seu criador. Dizer-se, por isso, que a revelação de Grass vai ter um impacto negativo na obra, confesso que não estou a ver. Bem pelo contrário. A publicação da autobiografia do escritor alemão foi antecipada de modo a explorar a polémica em curso, e chegou ao mercado com a primeira edição praticamente vendida. Também não é difícil imaginar que o autor vai vender mais uns milhares de exemplares que não venderia caso não surgisse esta polémica. Se tudo isto foi premeditado ou não, é coisa que poucos saberão. Mas uma coisa julgo saber: como dizem os americanos, má publicidade também é publicidade. E é um facto que a publicidade resultante das polémicas declarações tem beneficiado o escritor, pelo que não vejo razão para lamúrias. Se houve quem tivesse aproveitado a ocasião para devolver as lições de moral que o autor sempre gostou de dar e, de caminho, lhe tenha chamado uns quantos nomes feios, não foi nada que ele não merecesse — nem razão para tanto escarcéu.
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Até Já
• 13-01-2011 |